Divórcio

24/01/2011 10:31

A ETIMOLOGIA DA PALAVRA:

 Palavra na Bíblia, tanto no Novo testamento como no Antigo, aparece como "Apolyõ", ou como "Apostasion". No AT, essas palavras são raras, "Apoliõ" se emprega numa variedade de sentidos, inclusive o divórcio (Dt 24:1 e Ed 9:36). "Apostasion" aparece quatro vezes como "Titulo de divórcio" (Is 50:1 e Jr 3:8). No N.T., "Apolion" tem os mesmos sentidos do grego. Significa também (como no AT): soltar um prisioneiro, libertar da doença, inocentar, mandar embora, demitir, deixar morrer e principalmente divorciar uma esposa.

O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO:

Em Mt 19:8, Jesus diz que Moisés permitiu aos homens repudiarem suas mulheres, por causa da dureza do coração do povo. O repudiar que Jesus se referia, é o divórcio. A palavra permitir usada por Jesus, mostra que Deus não permitiu o divórcio, apenas regulou uma prática já existente. O texto referido por Jesus, é o de Dt 24:1-4. Esse regulamento condicional, permite o divórcio desde que achado algo indecente na esposa aos olhos do marido, permitindo que ela se casse novamente, desde que dado a ela algum tipo de contrato. O regulamento mostra que se a mulher cassasse, não poderia voltar ao seu primeiro marido, pois estaria contaminada. A palavra contaminada deixa bem claro a reprovação de Deus em relação à mulher repudiada. Talvez essa lei tenha sido flexível, pelos costumes machistas da época, e imposições desumanas sobre a repudia das mulheres, pois "a cousa indecente" achada na mulher, poderia ser qualquer motivo não tão importante e às vezes usado como uma falsa acusação para "se livrar" da esposa. É óbvio que entre os judeus, o adultério era causa suficiente para o divórcio, sendo causa de morte, tanto para homem quanto para a mulher, porém a noção de adultério para homem era um tanto esquisita, e de certa forma, adaptada para favorecer o desejo masculino regulamentando-o, tornando-o em poligamia, ou no concubinato, em que tais relações sexuais não eram consideradas como adultérios, não havendo assim, segundo a opinião judaica antiga, qualquer razão para o divórcio, ainda que uma mulher assim o quisesse. Vale lembrar que a poligamia e o concubinato só eram permitidos aos homens. A poligamia é o casamento com várias esposas, e existe até hoje em alguns países mulçumanos, e o concubinato, era um contrato de curta ou longa duração, contando que ela não fosse casada. Conta-se que um certo rabino, ao chegar a uma nova cidade, costumava perguntar: "Quem quer ser minha esposa por um dia?" Então ele se casava numa noite e divorciava no dia seguinte, e isso era totalmente possível, segundo a lei mosaica. A Enciclopédia Chaplin declara: "Os contratos eram feitos segundo os desejos de homens e mulheres envolvidos, estabelecendo casamentos múltiplos ou concubinatos, sem que nenhum desses casos fosse reputado com adultério". Podemos entender então, que o homem regularizou o adultério. Deus nunca aceitou o divórcio e nem a poligamia ou mesmo o concubinato, pois Adão só tinha uma mulher. O Senhor não fez duas ou mais mulheres no jardim do Éden para o homem.

Na realidade apenas duas questões impediam o homem de divorcia-se:

a.    Quando um homem tivesse acusado falsamente de relações ilícitas;

b.    Quando um homem tivesse relações com uma donzela e seu pai o forçasse a casar.
AS DUAS ESCOLAS DO DIVÓRCIO:

Alguns anos antes de Cristo, dois famosos rabinos judeus, apresentaram suas posições sobre o divórcio. Essas posições foram chamadas de duas escolas:

a.    A Escola de Shamai: Proibia o divórcio, exceto sobre a alegação do adultério. Trata-se de um posição mais conservadora, e segundo a lei e o N.T., a mais correta;

b.    A Escola de Hilel: Praticamente permitia o divórcio por qualquer motivo, fugindo dos propósitos de Deus e caindo no desejo humano.

     O DIVÓRCIO NO NOVO TESTAMENTO:

1.    Evangelho de Marcos: A questão sobre o divórcio aparece em Mc 10:11,12. Esse texto não dá margem para nenhum divórcio, pelo contrário, diz que o divórcio seguido de novo casamento é adultério. Há um bom número de teólogos que pensam que essa posição é a afirmada pelo Senhor Jesus, devido o Evangelho de Marcos ser o primeiro. Mas outros pensam que o fato de não estar relatado o adultério nesse texto, e devido ao fato que esse princípio é muito conhecido por Marcos, não houve a necessidade de relatar essa exceção. Não dá para defender nenhum grupo ou outro, de qualquer maneira, vale ressaltar que o divórcio não é recomendação de Cristo.

2.    Evangelho de Mateus: Segundo os textos escrito neste evangelho ( Mt 5:32 e 19:3-12), o divórcio é possível, mas somente sob a condição do conjugue ter adulterado. Essa afirmação vem direto da boca de Jesus, o que dá a entender que, a questão do adultério para Marcos era algo comum, portanto não precisava ser citado, porém alguns teólogos afirmam que Jesus não faz exceções, e que a igreja cristã (que estava bem desenvolvida na época em que Mateus foi escrito), é que acrescentou esse texto, algo que a própria  Palavra de Deus não aceita. No entanto, se foi acrescida por homens, não seria inspirada por Deus, e nem aceita no Cânon Sagrado.

A palavra adultério, consiste também no sentido de fornicação, pois no original grego é "porneia", que justifica traduzirmos para fornicação, por isso alguns teólogos pensam que se trata de relações sexuais antes do casamento, mais especificamente durante o noivado, ou seja, o adultério também é considerado durante o noivado, podendo o noivado ser rompido, ou mesmo o casamento, se o fato fosse descoberto depois;   

3.    A Exceção Paulina ou privilégio Paulino: Em I Co 7:10-16, Paulo permite que o conjugue se separe do incrédulo, mas somente se o conjugue incrédulo assim desejar. Paulo, entretanto, exige um esforço honesto para evangelizar o incrédulo, antes da separação. O que não fica claro no texto é se, em tal caso, o conjugue Cristão está livre para casar-se novamente.

A QUESTÃO SOCIAL:

Apesar de estar claro através dos estudos mostrados acima, e que a palavra "adultério" vem do grego "porneia"  relacionada com o sexo ilícito; não podemos deixar de mostrar que adultério na Bíblia, pode demonstrar simplesmente traição, não sendo necessariamente sexual. Devemos analisar o fato social e até mesmo de traição do conjugue problemático. Consideremos o caso do alcoólatra, que espanca sua esposa e seus filhos, ou de um pai que matou a própria filha, ou até mesmo um conjugue que assassinou alguém e está preso. O caso de uma insanidade mental provocada pelo uso de drogas. Não seria suficiente para que o outro conjugue divorcia-se? Segundo a Enciclopédia Chaplin:

"Esses (motivos) nos exortam a reconhecermos que a regra que tem por exceção única o adultério é totalmente inadequada para satisfazer às necessidades de uma sociedade que abunda de crimes cometidos contra a família ou fora dela, e que são muito piores do que o adultério"  

Na sociedade fora da igreja, são varias as causas do divórcio: A infidelidade sexual, o abandono, as atitudes imaturas, as sanções sociais, o abuso físico e psicológico e outros motivos específicos e particulares. É fato que na sociedade secular, o divórcio acontece da forma da escola de Hilel (de forma liberal), pois estão fora dos padrões cristãos. Por isso devemos seguir a ordem do Senhor Jesus sobre o divórcio, mas não podemos ficar atônicos diante desses fatos, cada caso deve ser tratado individualmente, tratando não só o Crente, mas também o descrente, para evitar a destruição da família. O jornal "Expressão Nacional", relatou que no Brasil a taxa de divórcio é de 30%. A Igreja tem que se posicionar contra isso, pois não podemos esquecer que Deus odeia o divórcio (Ml 2:16).

CONCLUSÃO:

Pela Luz da Palavra de Deus, o divórcio só pode acontecer por dois motivos:

c.    O adultério (sexual);

d.    O desejo de separação do marido incrédulo.

Mesmo que a Bíblia permita o divórcio, não significa que Deus se agrade dele, pois a família é uma instituição de Deus, e não deve ser rompida. A Igreja como agente atuante de Deus, movida pelo Espírito Santo, aqui na Terra, deve se posicionar com urgência contra o divórcio. Deve ir as casas e levar Deus para o incrédulo, para que ele não queira se separar do crente, para que ele largue vícios, e não cometa outros abusos e até mesmo, crimes. O alvo deve ser atingido através de muita oração, jejum e principalmente a pregação da Palavra que é a verdade que liberta !

A Igreja deve acompanhar e aconselhar os casais já convertidos, orientar os noivados e mostrar sobre a proibição de Deus sobre o julgo desigual.

 

BIBLIOGRAFIA:

 

·         Aconselhamento Cristão;

·         Enciclopédia Chaplin, vol.2

·         Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol. 1;

·         O Novo Dicionário da Bíblia;

·         Expressão Nacional, ed. de março 2003.

 

Fonte: Casais na Plenitudes.