Filhocentrismo e seus perigos

Karine Rizzardi

Centrar a sua vida nos filhos não é bom e tudo mundo sabe. No entanto, as necessidades pessoais deles são tantas, que é muito fácil se deixar levar por esse envolvimento. Quando os pais menos percebem, se vêem engolfados de forma quase total na atividade dos filhos e se esquecem deles como casal.

O casal deve sempre lembrar que é os filhos que devem se adaptar a realidade do casal e não o casal aos filhos. Se você percebe que tem estado afastado de seu cônjuge e ambos tem se envolvido exclusivamente com o trabalho ou só com os filhos, eis aqui algumas idéias que poderão ajudá-lo a manter o equilíbrio:

* Cultive a hora do sofá:

Ao terminar um dia de trabalho, arrumem 15 minutos para sentar no sofá. Isso deve acontecer quando as crianças estão acordadas e não só depois delas terem ido dormir. Explique a elas que interrupções desnecessárias não serão admitidas, porque é um momento especial da mãe e do pai ficarem juntos. “O papai vai ficar com a mamãe e depois brincará com você”.

Esse momento no sofá é a expressão visível da união entre o pai e a mãe e reforça o sentimento de segurança na criança. Isso a previne de ansiedades gerais e satisfaz suas necessidades interna. Sem contar que esse pequeno tempo no sofá gera uma oportunidade para o casal se curtir e ficar mais um com o outro.

         * A vida não pára quando há filhos:

As pessoas estão acreditando tanto que filhos travam a vida e essa é a maior mentira que podemos cair. Sua vida pode desacelerar em alguns aspectos, mas não deixa de existir por isso, pois afinal, eles são verdadeiros presentes que demonstram o amor entre o casal.

Lembre-se que antes de você ter se tornado mãe ou pai, você era filha(o), irmã(ao), profissional, amigo(a) e principalmente, esposo(a). Esses papéis devem ser preservados antes de você ter que passar por uma crise forte para ter que perceber isso.

* Namore mais:

Se vocês tinham hábitos de sair quando eram namorados, então, ao menos uma vez por semana o casal precisa tirar para estarem a sós. Isso é sério e importante, mas não deve ficar só na teoria e nem se cumprir algumas semanas e depois deixar com que tudo volte como antes. Se o casal já não tinha esse hábito, então é hora de criar. Se o esposo traz bala para os filhos, pode lembrar de trazer um bombom para a esposa. Alimentar a relação fará falta no futuro.

* Viajar com filhos é bom, mas o casal precisa de relax conjugal:

Há casais que estão tão focados nos filhos que não conseguem nem fazer uma viajem a dois. Se isso está acontecendo, temos problemas na área. Seus papeis de pais, por mais louvável e admirável que seja, não deverá ser mais importante que as necessidades que um casamento exige. Muitos camuflam os cuidados com os filhos, como forma de justificar a ausência do outro e isso é uma mentira para si mesmo. Exemplo: “Eu não saio com meu(minha) esposo(a) porque temos que ficar com o Rafael”

Grave essas orientações e não espere a crise chegar para mudar de atitude. Com planejamento e organização, tudo tende a se adequar. É só priorizar.

A autora é psicóloga especialista em casais e família